quinta-feira, 1 de abril de 2010

Do livro de Tia Zila – “Dias ensolarados no Paraizo”


Segundo a historiadora Marina Maluf, “Brazilia se impôs a tarefa de fazer a crônica da vida da casa, de seus costumes e arranjos. Procurou também observar o movimento da fazenda e seus tempos de plantar e de colher – o ritmo de vida rememorado parecia, afinal, obedecer a uma só temporalidade, a dos cafezais.... as reminiscências de Brazilia sugerem antes um “conferir” que uma reflexão para capturar o sentido da vida que levou. Ela ordena a multiplicidade de acontecimentos, mas a rigor, ao escrever como ato de dignidade, parece não rememorar para construir um novo ponto de vista sobre si mesma... Brazilia procura ser a grande ausente de suas memórias e diários e, no entanto, se mostra e se esconde na mesma frase, num jogo inconsciente de ocultamento.... Ao rememorar, a autora repete a representação social enquanto cronista da casa e da fazenda: ela é o sujeito documental que ordena e racionaliza lugares e imagens, como um arquivo que é consultado toda vez que se busca uma lembrança. Brazilia manteve na mente a casa e a Fazenda Paraizo sem, no entanto, constituir espaços cuidadosamente habitados. Sua memória visita lugares, resgata objetos arrolados como uma espécie de alfabeto interno, e faz uma leitura desse material seguindo uma cuidadosa sequência, de modo a não espacializar valores e significados de sua intimidade. Para ‘entrar em casa’ e descrever a ala íntima, ela recorre a Asdrúbal, seu irmão:

“De noite cada um pegava um castiçal e ia para seo quarto. Asdrúbal já tinha 4 annos, quando ia sosinho para seo quarto. Era alli mesmo, perto da sala; um quarto grande com 2 janellas dando para o terreirinho. Dividia o quarto um tabique de madeira envernizada que tomava 2 terços do quarto, deixando uma passagem perto das janellas.... D’esse quarto passava para o quarto de meus Pais. Também alli havia um tabique de madeira fazendo um quartinho menor que era o quarto de vestir de Mamãi, janellas para o terreirinho... vidraças de suspender, presas no meio da altura com borboletas e folhas de madeira envernizadas fechavam as janellas. Os trincos eram muito bons, em ferro; prendia em cima com um gancho e descia em varão que virava e prendia no meio, atravessando sobre a outra folha de madeira. Em todas as outras fazendas, n’aquelle tempo, eu via só tramelas de madeira; uma em baixo e outra em cima, tinha que ser aberta com um pau ou bengala” (essa descrição é da casa antiga, não do casarão construído em 1897)

Na verdade, diferente da afirmação de Marina Maluf, Tia Zila, como é chamada por todos os descendentes, mostra um lado feminino ao contar sobre seu amor à primeira vista por Amadeu. Observa-se também que o papel da mãe Elisa era o de cuidar do casarão e da educação dos filhos – um matriarcado dentro de casa. Vovô Cândido se ausentava, passava tempos em São Carlos. Uma das netas de Elisa, Toty Lacerda de Figueiredo Mello confirma um “arranjo” no casamento – vovô Cândido esperava que Elisa cuidasse dos filhos e da casa e ele tinha liberdade para aproveitar a vida fora de casa.

As mulheres da família Lacerda são firmes, dão enorme valor para a família. Uma linhagem de mulheres de enorme garra que podem ser definidas por algumas palavras – disciplina, cuidado, discrição. Não são grandes demonstradoras de afeto por gestos nem palavras, mas nos detalhes com a casa, com o jardim, nas comidas e doces, no receber, nos presentes. Tia Zila, segundo vários depoimentos, era uma pessoa extremamente afetuosa com os filhos, netos, bisnetos e sobrinhos.

Tia Zila, muito apaixonada por Amadeo durante três anos, confessa: ... não queria que vissem que eu estava "presa" e enlevada por Amadeo. Aquilo era um segredo guardado no fundo do meu coração... Amadeo sai do quarto, vai para a sala de jantar. Servem-lhe café, vai para o terraço, me dá "bons dias" e me convida a passear. Eu palpitei que devia ser uma passeio maior e saímos pelo caminho da Amoreira que ia beirando o terreiro... Já estávamos bem longinho quando ele me diz com voz muito emocionada: "Quero saber se você consente que eu vá pedi-la em casamento ao seu Pai." Eu refleti um instante disse: "Sua Mãe o que diz a isso?" Responde ele: "Mamãe faz o maior gosto nisso". "Então eu também fico muito contente." Nos olhamos discretamente; ele não me tocou nem na mão; continuamos a andar procurando conversar mas pouco falamos....

Marina Maluf observa hábitos descritos nos diários, como “os espaços de separação entre proprietários e empregados. Ela (Brazilia) registrou que todos os dias, no final da tarde, depois do passeio da mãe, toda a família sentava-se no terraço para tomar café.”

‘Ao escurecer chegava o empregado, nunca se teve administrador, era um Fiscal ou ajudante. Durante annos foi o Marciano Casanova, mulato antigo escravo. Depois foi o Antonio Lourenço, português... Mas hoje quando penso como era, eu estranho. Papai nunca fazia entrar, nem sentar-se esses empregados. Elle tinha os serviços já tão certos e penso que já teria durante o dia corrido tudo que já estava a par, então aquella conversa era só para dar as ordens para o dia seguinte e fazia rápido....Si o café chegava na hora, serviam uma chicara ao Fiscal que tomava alli mesmo em pé, dava boa noite e se retirava.

O hábito de conversar sobre o que seria feito no dia seguinte era comum em todas as fazendas da época e assim permaneceu até os anos 80 do século XX. Correr a fazenda à cavalo todos os dias foi, aos poucos, substituído por carros ou jeeps. Muitas fazendas passaram a ter gerentes além do administrador e a região de São Carlos “abandonou” o café depois de seguidas geadas e a cana tomou conta da paisagem.

Trechos do livro de Tia Zila sobre a vida na Fazenda Paraizo e dos tempos em que iam passar temporadas em São Paulo, seguem reproduzidos como registro de uma época e dos 150 anos da fazenda.

Eu tinha 6 anos quando chegamos na Fazenda Paraizo, 1893. Não me lembro se descemos na estação de São Carlos ou na estação de Floresta que ficava mesmo nas terras da fazenda. Vangila tinha 4 anos e Asdrúbal tinha 2; eram meus companheiros o dia inteiro. Ele tinha cabelos loiros, cacheados, era bem claro. Carinha cheia, quando corria, por fora ficava bem corado. Nós o achávamos lindinho; era manso e bonzinho. Eu e Vangila tínhamos a cor de Papai! Até uma vez na Estrada de Ferro, em viagem, nos encontramos com tio Antonio Carlos (Conde do Pinhal). Ele veio logo conversar com meus pais, nos fez festa. Mais tarde soubemos que ele dissera: “nem a brancura de Elizinha pôde com a cor dos Lacerdas.” E eu digo hoje: mal sabia o tio Antonio Carlos que nem o vermelhão de Amadeo pôde com a palidez dos Lacerdas, pois que a maioria de meus filhos é pálida e morena.

Lembro-me tanto da casa no Paraizo. Entrava-se numa sala que chamavam de alpendre. Esse alpendre tinha as paredes pintadas, penso que era a óleo, pois era lustroso e formava quadros com um frizo de cor mais escura e, no centro do quadro, era todo riscadinho, imitando mármore. Tinha um sofasão com palhinha no assento e no espaldar, espaldar alto e braços de madeira. De cada lado do sofasão, uma mesinha retangular de 1 x 50, pernas torneadas, com uma prateleira entre o chão e o tampo da mesa. Em cima havia dois vasos, um rosa, outro cor de café com leite; pareciam vidro grosso, opaco, a beirada, digo, a boca toda recortada e doirada. Na outra mesinha havia um lampião que acendia com querosene. Tinha mangueira de vidro e abajour de porcelana branca com uma paisagem em cor, uma casinha, árvores, riozinho. Havia ainda outras cadeiras com assento de palhinha, mais simples. Em madeira forte, envernizadas, cor avermelhada. À direita entrava-se na sala de jantar. Era grande, tinha duas janelas para a frente, uma janela de uma porta para o lado de trás que era como um terreirinho. Terra bem batida, calçada de tijolo abeirando a casa. Afastado de casa uns oito ou dez metros havia um muro, subia-se uma escada de tijolos, de uns dez degraus e dava no terreiro de café que era bem grande, uns 200x50 metros. No terreirinho, bem encostado no muro, havia um jardinzinho, só tinha dálias de várias cores; protegia o jardinzinho uma cerquinha com tela de arame. Aos domingos, mamãe enfeitava os vasos com essa dálias que eram pequenas e jeitosas e a folhagem era galhinhos de alecrim, estes são muito jeitosos, em forma de palmas; folhagem bem lustrosa. E ... de noite o alecrim dormia, tanto o que estava nos vasos, como a arvore inteira. Ficava bem fechadinho! Todas as folhinhas dobradas. Mamãe nos mostrava e dizia “elas vão dormir”. Só havia um étagère na sala de jantar: tampo de mármore, duas gavetas, armário embaixo, para cima do mármore duas prateleiras em madeira. Usava-se, nesse tempo, forrar as prateleiras com toalhinhas brancas e crochê na beirada que ficava aparecendo. Ali se arrumava os copos que estavam em uso. Na prateleira de cima, cada noite, via-se enfileirados uns seis castiçais em latão amarelo com velas bem brancas e grossas. Umas inteiras, outras já gastas, mas bem limpas. Dois dos castiçais tinham velas “Clichy”; eram para papai usar na mesa do escritório. De noite, cada um pegava seu castiçal e ia para seu quarto….

… Esses fechos da casa no Paraizo eram já mais civilizados. Os meus tios Antonio e Juca, pelo que me lembro, gostavam de tudo bem arrumado, tinham na fazenda um carpinteiro alemão que fez todas as mobílias, e um ferreiro que tinha uma tenda completa onde fazia as ferragens;

fazia as carroças e carroções ali mesmo. Isso, penso, que alguns anos depois pois que ao começarem era só uma grande mata, onde fizeram os ranchos e plantaram os primeiros cafezais. Preciso pedir a José Lacerda as datas e os dados todos do começo da fazenda. Na sala grande que era toda empapelada, assim como os dormitórios, via-se nos cantos uma coluna roliça. Papai me contava que eram os esteios do rancho pois que fazia-se um rancho coberto de sapé. Só mais tarde, quando já tinham feito uma olaria, é que tiveram telhas para substituir o sapé.

E as paredes do rancho eram feitas de barrote. Chamavam barrote em gradeado, feito com ripas de coqueiro bem amarradas nos cantos e nos esteios. Se o rancho era muito grande, havia esteios no meio do comprimento do rancho. Esse gradeado era coberto com terra bem molhada; se a terra era meio piçarra, grudava melhor. Esse era o princípio.

Algum tempo depois, já cobriam as paredes com reboque feito com areia. se tinha cal nesse reboque, eu não sei. Não tenho mais ninguém daquele tempo para me contar. Os meus tios eram tão caprichosos que forravam as paredes com papel. Me lembro muito bem do papel da sala grande: tinha bananeiras verde claro. Os do escritório de papai era marrom e doirado. Nos quartos era papel com ramagens, não me lembro a cor. Havia três quartos para hóspedes. Boas camas, poucos armários. Havia um piano Pleyel….

… O que era primitivo e péssimo eram os sanitários. Só havia fossas, com uma banca de madeira em cima e dentro de uma casinha. Uma lá do lado do corredor da cozinha para os empregados e uma no terreirinho para nós. De vez em quando, papai mandava por cinza dentro das fossas, outras vezes, cal. Vim também porem uma pedra azul dissolvida em um balde de água; penso que era sulfato de cobre. Papai dizia “é muito venenoso; não deixem nada no balde”. Imaginem o que aconteceu uma vez. Ninguém o viu cair, mas ouvia-se o miado do mísero bichinho. Só em pensar que ia morrer ali afogado, nós ficamos muito aflitos! Tanto pedimos que mamãe chamou o Severiano e que trouxesse uma escada. Então o rapaz foi descendo devagar, agarrou o gatinho pela pele do pescoço e salvou-o. Mas... foi necessário dar-lhe um grande banho com água e creolina. Depois o pusemos debaixo de um grande cesto, no sol, para secar, senão iria se meter debaixo de um móvel assim entanguido…

… Mamãe sentava-se numa marquesa na sala de jantar onde havia melhor luz. Penso que algum estaria com calo no pé, pois tinha perto um vidrinho de Mainardina. Não sei como, estando perto de uma vela, pega fogo no vidrinho, faz grande labareda e Mamãe que tinha lavado os cabelos e estava com eles ainda soltos. Era uma cabeleira enorme. Foi um susto, pois quase o fogo pega nos cabelos. Esse serviço feito, nós íamos para cama. Uma vez tínhamos inventado um brinquedo muito bom. Cortávamos uma grande cidra pelo meio tirávamos o miolo e ficava como uma tigelinha. Enfiávamos um barbante em 2 furinhos, como se fosse um baldinho e pendurávamos esses baldinhos num prego, na ripa de uma cerquinha que tinha perto de casa e onde tinha uma boa sombra de amoreira. Estava uma lindeza, muitos baldinhos pendurados. Mas no outro dia Vangila apareceu doente com indigestão, Mamãe procura a causa e disse que era o miolo da cidra que Vangila havia comido e proibiu o brinquedo.

Debaixo da mesma amoreira Papai havia amarrado um balanço, novinho, cordas bem fortes. Era uma delícia aquele balanço! Um dia eu me pus em pé no assento do balanço e tão forte me balançava que perco o equilíbrio e caio em cheio com o peito no chão. Penso que desmaiei, pois não vi mais nada. Só me lembro de estar deitada na sala de jantar, no sofasão, e ouvia Mamãe dizer: “vão já cortar as cordas e tirar o balanço da árvore” E acabou-se aquela delícia de balançar. Me parece que foi um pouco nervoso, exagerado, pois que a vida toda vejo crianças se balançarem e nada acontece. Aquilo foi mesmo muito descuido ou reinação minha.

Uns 3 anos depois de estarmos no Paraizo, lembro-me que ouvia Papai e Mamãe falarem em casa nova. Papai sempre fazendo desenhos. Bilu já tinha nascido; era um lindo menino mas Mamãe não teve leite para amamentá-lo, ele não se deu bem com o leite de vaca e estava muito doente. Veio vovô Justiniano visitar-nos. Ele voltou logo para as Palmeiras e de lá mandou uma moça italiana chamada Ângela. Veio com o filhinho pequeno, tinha tanto leite que dava para seu filho e para Bilú. O marido de Ângela não sei se veio junto ou se ficou nas Palmeiras. Bilú logo sarou, engordou e então começou a tomar ma madeira com mingau de Phosfatina Fallière, receitado pelo médico de São Carlos, Dr. Silva Rodrigues. Eram umas latinhas com um pó como cacau bem claro, vindo da França e era muito gostoso.

Mamãe me ensinou e eu fazia as mamadeiras para Bilú numa panelinha de ágata azul, no fogareiro com álcool, ali mesmo na sala de jantar. Ás vezes punha álcool demais no fogareiro, que era bem primitivo, e custava a apagar. Fazia uma labareda e eu tinha tanto medo. Tinha só 8 anos. Bilú era muito exigente, não queria ficar no carrinho. Era um lindo carrinho de junco todo forrado de oleado e com bom colchão e roupas bonitas. Mas o talzinho chorava e quando Mamãe estava muito atarefada, eu tinha que empurrar o carrinho de um lado para o outro da sala. Depois eu tinha que dar a lição com Mamãe e vinha Vangila empurrar o carrinho…

… Asdrúbal já tinha cortado os cachos e já vestia calcinha e blusa russa. Era muito bonzinho, mas Bilú era terrível, não queria ficar com a pajem, trazia Mamãe de canto chorando. Vangila era boazinha, nunca brigávamos, mas houve algum tempo que Vangila teve “ataques de bichas” era como dizia o médico. Ela acordava gritando e chorando, sendo necessário esfregar-lhe nos pulsos e nas frontes vinagre com folhas de hortelã. E foram tantas vezes que Mamãe já deixava no quarto o tal vinagre com folhas de hortelã e eu mesma aplicava em Vangila, até que Mamãe se acordasse e logo tudo serenava e continuávamos a dormir.

… No Paraizo as conversas de casa nova continuavam. Mamãe nos ensinou a ler, escrever, contar e a Geografia; o que eu me lembro, mamãe ensinava muito bem. Nos mostrava no Mapa. Sabíamos “na ponta da língua” como se dizia, as 5 partes do Mundo, mares, países, rios, lagos, montanhas, cidades. Nos mudamos para a casa nova no ano de 1897. Então tivemos a primeira Professora. Senhora alemã, Fraulein Walsman. Nos ensinava português, francês, aritmética, geografia, historia Santa, piano e ainda trabalho com a agulha. Essa senhora era tratada por meus Pais com toda consideração e bondade; ganhava quatro contos por ano, livres, viagens, passadio, tudo por conta de Papai. Tinha um bom quarto, uma sala para dar as aulas e um terraço com bonita vista. Algumas vezes estávamos em aula e ouvíamos os gansos do lago em grande agitação e cantoria. Pedíamos licença para a Fraulein e íamos olhar na janela; era quase sempre uma visita que chegava de trolley ou algum passante como o Sr. Joaquim Alves; esse vizinho tinha licença para passar pela nossa fazenda para encurtar o caminho. A curiosidade satisfeita, voltávamos para nossas carteiras, mas Fraulein tinha algum trabalho para pôr nossas cabeças no estudo novamente. Tivemos outras professoras. Uma delas era uma bonita moça, dizia-se nobre chama-se Elvira Von Bragdorf. Mas não era boa de lecionar e não durou muitos meses. Tivemos uma velhinha muito boazinha, Fraulein Josefine. A melhor foi Fraulein Paulina Perger; essa estivera 20 anos no Rio, lecionou as filhas do Conselheiro Lafayette e os filhos do Barão de São Clemente. Essa gostava de ler o Jornal do Comercio e conversava com Papai e Mamãe sobre política e tudo mais. No dia de São João inaugurou-se a casa nova. Fizeram lindas festas no terreiro. Sr. Estevam e Nhá Tertuliana eram muito sabidos em costumes, cantigas e danças. Fizeram o que eles chamavam Congada. Eram danças onde aparecia um boi feito de pano; dois homens iam dentro e faziam proezas. Homens e mulheres vestidos como rei, rainha, pajens; cores vivas e roupas vistosas. Mamãe mandou fazer tachadas de doce de batata, abóbora, cidra, laranja, pé-de-moleque e cocada. Leitão assado e mais tanta coisa! Arrumaram uma mesa comprida com tábuas e cavaletes, coberta com pano branco banco de taboa de cada lado e ali serviram um lauto jantar para toda a colonada e para todo o pessoal da fazenda. Seguiu-se o baile, samba e Congada, ali mesmo no terreiro, na frente da casa nova. Isso foi de tarde; pela manhã tinha havido uma bonita Missa rezada pelo padre Victor e assistida por todos da fazenda.

1897. Continuávamos a estudar na fazenda com professora. Pouco saíamos da fazenda. Passeávamos muito a pé com Mamãe. As professoras não gostavam de sair do jardim; tinham medo dos bichos de pé. Só uma delas, a Mme Perger, era já bem idosa, mas muito forte. Tinha morado no Rio 20 anos. Essa saia cada dia de tarde, mas gostava de andar bem depressa e sozinha. De volta do passeio a pé, nos sentávamos no banco do terraço que era bem cômodo. Havia ali perto duas cadeiras de vime que eram para Papai e Mamãe; naquele tempo havia sempre uma pequena diferença entre os grandes e os pequenos. As cadeiras melhores, os doces mais finos, o filé, o peito de galinha! Primeiro serviam-se os Pais. Hoje, vejo crianças na mesa dizerem logo: só quero carne branca.

… Não sei como é que Mamãe gostava da rede, pois estava sempre encoletada. Embora não fosse apertado, tinha barbatanas no colete. Asdrúbal, que nós dizíamos Loti, sentava na mesa grande com o livro “Mon Journal” e tampava os ouvidos com o polegar e as mãos apoiando a cabeçorra, cabelos sempre cortados rente. Papai cortava com a máquina. Ficava ali entretido com a leitura até as 8 ½ h. A essa hora Papai vinha do escritório para tomar chá; já ali estava arrumado com Pão de Ló de Jacarehy, biscoitos de polvilho, etc. Era a mesma fartura que os lanches de hoje. Os gatos ficavam no terracinho e logo que se apagava a luz do escritório, eles se esfregavam na porta da sala de jantar para Papai não se esquecer deles. E era cada dia a mesma coisa: ganhavam um prato de leite e pão ali no chão do terraço. Nesse tempo já não tinha mais o Sr Romão; meu gatão querido já tinha morrido.

Tinha o Capi, cachorrinho de raça Mobs, muito bonitinho. Era de Vangila; dormia no corredor da casinha, debaixo da escada, numa caminha com colchão e lençol. As 9 h subíamos nós 3 e nos deitávamos em dois quartos que davam porta para o quarto de nossos Pais. Eu ainda lia um pouquinho na cama; Vangila ficava em pé na cama, pegava as cobertas nos ombros, se enrolava nas mesmas, com o pé puxava bem a ponta do lençol, então deixava o corpo cair sobre os joelhos e depois deitava-se. Parecia um cartucho ali na cama.…

Em 1897 nos mudamos para a casa nova do Paraizo. Não me lembro em que mês foi isso; talvez no mês de Junho, pois nas festas para a inauguração da casa, houve fogueira, fogos e danças no terreiro. Também não me lembro como foi a mudança, nem a impressão que tive dormindo no sobrado; no quarto novo era tudo azul, isso eu me lembro; entrava-se pelo quarto de meus Pais ou pelo quarto dos irmãos. Bilú já tinha quase 2 anos, era um lindo menino, tinha uns olhos bonitos, cabelos cacheados, uma boquinha vermelha. No terraço da sala de jantar nós o medíamos; era justo da altura da grade. Andava sempre com umas camisolinhas muito bonitas, espécie de vestidinho, pois naquele tempo os meninos só vestiam roupa de homem de 5 a 6 anos para cima. E até essa data de cabelos cacheados e compridos.

De noite, Mamãe na rede com Bilú no colo, ali no canto da sala de jantar. Asdrúbal lendo “Mon Journal” na mesa grande, eu e Vangila fazendo algum trabalho de agulha, sentadas nas cadeirinhas de vime que traziam do terraço. Durante alguns meses houve coisa que nós meninas achávamos graça. Chegava na porta da sala a preta Delfina, ótima cozinheira e dizia: “Sia dona Eliza, já acabei”. Era para ganhar um cálice de pinga e ia dormir. A Delfina tinha o vício de se embriagar, então descobriu esse jeito. Eu me levantava, tirava ali do armário a garrafa, enchia o cálice e entregava a Delfina. Ela fazia uma cara radiante, bebia e ia estalando a língua e gingando ou se requebrando toda. Ia direto para o quarto, dormia e amanhecia bem. E assim durante mais de um ano a Mamãe pôde conservar a Delfina. Pois quando ela quis sair, me entregou um bauzinho com algumas roupas e 1 quadro de santo. Foi para Capivary e nunca mais voltou. Nem me lembro o que fiz do Santo e das roupas da pobre Delfina.

… Todas as tardes saíamos para passear a pé. Um caminho que gostávamos muito era o seguinte: Perto da máquina (casa da máquina de beneficiar o café) havia um pulador. Chamavam um pulador uma escadinha dos dois lados da cerca, para não ter porteira, pois só deviam ali passar pedestres. Descíamos no pasto atrás da Serraria, ali sempre cheio de toras de madeira, e muitas vezes a grande serra trabalhando, outras só a serra circular, que cortava a lenha e outras coisas menores que as toras. Entrávamos, dávamos boa tarde ao Agostinho: aquele cheirinho de madeira serrada. Saíamos do outro lado e descíamos pelo pasto até o rego d’água do Monjolinho. Eu achava uma beleza aquele riozinho de água clara, mesmo cristalina, por cima de umas pedrinhas. Passávamos a ponte e, antes de seguir o passeio, virávamos de lado da casinha do Monjolo. Mamãe abria e entrava para ver se estava limpo e em ordem. Saíamos, continuávamos até a colônia.

Eram 5 casas unidas onde moravam só pretos. A primeira casa de Manoela... não me lembro o nome do marido. Ela era muito feia e tinha o corpo igualzinho com os figurinos d’aquele tempo: o traseiro bem empinado e o busto bem cheio, mas caindo sobre a cintura. Mamãe tinha às vezes ataque de riso quando lembrava da Manoela. Outro casal era Clemencia e Benedito, muito bons; tinham vários filhos. Outro era José Mulato e Felicidade. Essa era muito bonitinha, sempre limpinha, vinha nos falar tão sorridente. Mamãe a chamava de “La Rieuse”. Os filhos: Antonio, Rafael, Manoel e Miguel. Dava-se uma prosinha na frente da Coloninha, passávamos n’outro pulador e entrávamos no cafezal da Biquinha; ali era a nascente d’água muito clara; ao pé era o pé de limão bravo de onde se tirava as folhas para fazer o chá medicinal. Saíamos da Biquinha e íamos pelo carreador abeirando a cerca até a porteira do Tanque (Tanque chamam hoje “Lago”); entrávamos e abeirávamos o Tanque até chegar em casa . Levava 1 hora esse passeio; era só chegar e sentar no banco do terraço e esperar o cafezinho.

Chegava Papai sempre muito encalorado; pedia os chinelos. Ao escurecer chegava o empregado; nunca se teve administrador; era um fiscal ou ajudante. Durante anos foi o Marciano Casanova, mulato antigo escravo… Papai nunca fazia entrar nem sentar-se esses empregados. Ele tinha os serviços já tão certos e penso que já teria durante o dia corrido tudo que já estava a par; então aquela conversa era só para dar as ordens para o dia seguinte e fazia rápido. Se o café chegava na hora serviam uma xícara ao Fiscal que tomava ali mesmo em pé, dava boa noite e se retirava.

… Todos os anos íamos para São Paulo onde passávamos uns 2 meses. Morávamos na Rua Brigadeiro Tobias, bem em frente à Beneficência Portuguesa. Nos Domingos ouvíamos Missa ali na Capela da Beneficência. Era Missa curta, sala boa, não muito cheia. Via-se sempre ali o Barão de Piracicaba (tio Rafael) com 3 filhas, Eliza, Sofia e Tuda e o filho José que era ainda um rapazinho. O Barão de sobrecasaca e cartola, as filhas muito bem vestidinhas. A família de Dna Victoria Almeida Lima, dos Almeida Prado, dos Nicolau Vergueiro, Sr. Silvano Anhaia, Sr. Camilo Levy, Sr. Prof. Luiz Chiafarelli. Esse não era na Missa que eu via. O Prof. Chiafarelli morava bem em frente a nossa casa; ouvia-se piano o dia inteiro e Papai não gostava muito.

No ano de 1900 Papai comprou outra casa nessa mesma rua. Para isso fez negócio com o Sr. Eduardo Prates (mais tarde conde de Prates). Ouvi falar do negócio: Papai deu a casa na qual morávamos e mais 35 contos de réis. A casa estava muito estragada e teve que sofrer grandes reformas que custaram bem caro, mas não sei quanto. Ficou uma ótima casa onde meus Pais moraram uns 30 anos, mudando-se depois para Higienópolis. Em São Paulo Mamãe saia comigo e Vangila para visitar os parentes. Chamava um carro. Era um carro de praça, forma Vitória; custava 5 mil réis a hora e 3 mil réis a corrida. Mamãe tomava por hora. Os parentes primeiro a serem visitados eram tio João Batista e tia Sophia, tio Lulu e tia Anna Flora (os Barões de Mello e Oliveira), tia Júlia que já era viúva e morava com prima Sebastiana e Dr. Paula Machado, tia Mariquinhas (Baronesa de Piracicaba). Esses eram tios de Mamãe. Em casa do Vovô Justiniano e Vovó Gabriella íamos quase todos os dias.

Os parentes de Papai eram os Barões de Arary, os tios João Soares, Chico Soares, Juca Soares, prima Nicota Penteado, Ignácio Penteado, tio Joaquim Camargo. Ah! Esse era uma delícia. Tinham uma linda chácara na rua Vergueiro, dizia-se Villa Marianna. Era preciso ir de carro até a rua São Joaquim; ali tomava-se o trenzinho a vapor; uns 3 bondes abertos e logo chegava-se na Chácara Conceição; era tio Joaquim, tia Dasdores, tia Candinha, Julieta, Judith, Romeo, Olavo e Gilberto. Esse morreu pequeno. Nossas companheiras eram as duas meninas e Romeo. Olavo não gostava de brincar. Uma linda chácara e muito bem tratada; lindo arvoredo, muita flor, uma estufa cheia de begônias, avencas e parasitas. No fim da chácara tinha até vaca de leite, uns animais em lugar cercado e bem arrumado. Ali passávamos o dia. Acabada a temporada em São Paulo, Mamãe aprontava as malas e voltávamos para o Paraizo .

Na casa nova do Paraizo tinha tudo, mas os talheres de prata eram os mesmos que se usava em São Paulo e na fazenda. E também alguma roupa de cama e de mesa mais fina que era para quando recebia-se hospedes. Deixava-se em São Paulo uma boa caseira; era sempre um casal de confiança. O trem saia da estação da Luz às 5:20 h da manhã. De véspera seguiam as malas despachadas como bagagem e já se encomendava dois carros: Papai, Mamãe, a Professora e nós 4 e mais as malinhas e cestas de farnel! Paçoca, arroz, virado de galinha e outra galinha frita. Tudo arrumado em guardanapos, trouxinhas bem amarradinhas. Levava-se pratinho de louça e talheres. Não se usava pratos de papelão. Garrafas com água, copos. Tudo muito direito e farto. No trem nada havia para se comesse e eram muitas horas de viagem. Chegada a hora, Mamãe abria a cestas e as trouxinhas, arrumava em cada pratinho e ia dando a cada um com guardanapo e garfo.

… Descia-se na Estação de São Carlos e seguíamos de trolley para o Paraizo. Não me lembro em que ano, talvez em 1896, havia grande epidemia de febre amarela no Rio, em Santos, São Paulo e várias cidades do interior. São Carlos também tinha a tal da febre. Então Papai nos fez mudar de trem na estação Água Vermelha, que era um trem menor que passava na estação Babilônia e Floresta onde descíamos; já era nas terras do Paraizo e ali encontrávamos os trolleys da fazenda.

Nessa temporada em São Paulo os nossos passeios eram, de manhã, no jardim público da Luz. Íamos a pé com a professora. Levava-se pão para dar aos cisnes e aos veados, e nozes ou amêndoas para dar aos macacos. Eu gostava muito, achava divertido. Eu, Vangila e Loti; Bilú ainda era muito pequeno, ficava em casa. Outro passeio que eu gostava muito era com Papai e Mamãe e nós duas. Íamos a pé até a cidade, o triangulo, como diziam, subíamos a rua São João que era estreita e feia; no largo do Rosário (hoje praça Antonio Prado) tinha a igreja do Rosário. Virávamos pela rua São Bento até a rua Direita. Não havia a praça do Patriarca; o Viaduto do Chá desembocava já na rua Direita. Ali na esquina tinha a casa dos Barões de Três Rios e outras casas de sobrado, todas residenciais. Subia-se a rua Direita até a rua 15 de Novembro. Contavam-se que essa era antigamente a rua da Imperatriz, mas no meu tempo já era a 15 de Novembro. Íamos pela rua 15 até chegarmos no “Progredior”. Era uma sala grande onde havia mesinhas e muitos homens tomando cerveja. Atravessando a sala, ficávamos num terraço onde nos serviam sorvetes. Desse terraço tinha-se bonita vista para uma parte da cidade mais baixa e iluminada.

... Uma vez, nesse passeio, estava um homem na calçada ali na rua 15, convidando para entrar. Papai nos fez entrar, era só uma cortina na porta. Sentamos, filas de cadeiras, uma sala pequena. Via-se numa tela branca figuras se movendo. Chamavam lanterna mágica. Tudo só preto e branco, figuras muito simples e ingênuas; não tinha história. Na saída vendiam uns livrinhos moles que se fazia virar ou desfolhar segurando com o polegar. Nesses via-se também figuras se movendo. Papai comprou e nos deu; era uma menina pulando corda. Outro menino dando milhos às galinhas. Esse foi o começo do cinema. Para voltar para casa, tomava-se o bonde ali em frente ao Mercado que era onde é hoje o Correio. Bonde de burro; dois burros puxavam. Quando chegava numa subida, havia ali um homem e um burro. Mesmo sem o bonde parar, o homem atirava a rédea ao cocheiro e enganchava a balancinha do burro no bonde. Terminada a subida havia outro homem que retirava a tal balancinha e pegava a rédea que o cocheiro atirava. Esses homens não usavam uniformes e sempre de chapéu na cabeça; os cobradores tinham boné e andavam no estribo dos bondes. Depois do ano de 1900, ou pouco antes, apareceram bondes elétricos, grandes, bonitos, mas os cobradores ainda andavam pelo estribo. Pagava-se 200 réis e nos dias de muita gente esse bonde puxava um pequenino onde pagava-se só 100 réis; eram chamados os “caraduras”. Creio que aproveitavam para isso os bondinhos de burro.

De tarde era costume ficar na janela tomando a fresca e vendo gente passar. A família toda ali proseando.

… Voltemos a relembrar a vida calma e boa do Paraizo. Papai falava em aumentar os cafezais pois que, atravessando a estrada de ferro tinha a mata e terras muito boas. Levaram a derrubar essa mata, deixaram secar e, quando menos esperávamos, Papai nos disse que ia fazer a queimada, ia por fogo na derrubada. Mamãe ficava muito cuidadosa. Essas terras ficavam muito longe, talvez alguns quilômetros distantes mas bem em frente a casa do Paraizo. Vimos todo o fogo. Um espetáculo bonito mas selvagem e assustador. Subiam aquelas labaredas fazendo como um caracol no ar, muita fumaça e deslocava o ar provocando forte vento. Papai tinha mandado fazer aceiros de todos os lados para defender a nossa mata vizinha e outra fazenda. Só a tardinha Papai chegou em casa, muito cansado, tendo deixado lá na queimada uns homens de confiança para vigiarem caso o fogo passasse para o vizinho. E a noite foi lindo de se ver: todo aquele chão era um braseiro só. Aqui e ali levantava uma labareda; de outro lado com o vento eram faíscas que subiam para o céu. Estávamos achando muito lindo mas quando Papai nos contou que estava triste pois o Maroto tinha sumido e provavelmente se meteu na roçada atrás dos preás e das lebres e teria morrido queimado. O Maroto! Um cachorro vira-lata mas tão bonzinho! Nos acompanhava nos passeios, era amarelo com listas pretas, talvez mestiço de perdigueiro e por isso só queria caçar. Pobre Maroto! Papai disse: “eu devia ter mandado prende-lo aqui pois era certo que ia correr atrás dos preás e das lebres”. Acabou-se o nosso Maroto. Esse ano Papai disse que ia plantar milho e abóbora na roçada e que ia alinhar para plantar café. Já havia guardado algum café cereja para essa plantação. Para alinhar o café Papai arranjou uma cordinha bem comprida e, de espaço em espaço, amarrava nessa cordinha um pedaço de baeta vermelha. Mamãe já havia cortado as tiras bem iguais e penso que eram colocadas na cordinha, com 18 palmos de distancia uma da outra e ali amarradas. Diziam plantar café a 18 palmos, outros preferiam a 18 palmos para ficarem as árvores mais juntas e assim menos chão para carpir pois na sombra da árvore o mato crescia menos. Mas ali a terra era nova e muito fértil; as árvores ficaram enormes e não era praguejado. Como não havia geada no município de São Carlos, uma cafezal de 3 anos já produzia café, Naquela mesma roçada, com aquela quantidade de paus, árvores e galhos que escaparam do fogo, cortava-se pauzinhos, todos do mesmo tamanho, penso que uns 40 centímetros, dizia-se 2 palmos, e com esse pauzinho cobria-se cada cova onde se havia posto 6 grãos de café cereja, já murchinhos, quase secos. Essa cova devia ter 2 palmos quadrados e 1 palmo de fundo. Penso que não levava 3 meses apareciam umas folhas redondas que diziam “orelha de onça” e algum tempo mais apareciam 2 folhinhas pontudas e diziam “está cruzando”. Então já era necessário abrir um pouco mais o tapume tirando os paus e pondo 2 em um sentido, 2 em outro sentido atravessado.

3 comentários:

  1. Tudo bem? Ha anos pesquiso a historia de minha família, e ela se entrelaça diversas vezes com a familia descrita neste blog. Descendo de Jose Oliveira de Barros, citado nesses escritos de Brazilia Oliveira Lacerda (o filho mais novo do Barao de Piracicaba), e, por seu casamento, de Noemi Lacerda de Oliveira (filha de Justiniano Whitaker de Oliveira, irmao de Elisa Whitaker de Oliveira, e de Candida Lacerda, prima de Candido Franco de Lacerda). Alem disso, dois bisavos meus eram primos da mae de d. Carmen Sylvia Alves de Lima e Motta.
    Gostaria de saber, se for possivel, se os escritos de Brasilia Oliveira Lacerda se encontram publicados ou se e possivel consulta-los de algum modo. Muito me interessou a descricao do cotidiano da epoca e das visitas aos parentes, descricoes que dao vida a nomes que ha tantos anos encontro em minhas pesquisas. Tambem me intrigou a referencia nesse texto a "vovo Justiniano e vovo Gabriella", uma vez que sempre li que Gabriella Whitaker Oliveira fora a primeira esposa de Justiniano, falecida jovem sem filhos.

    Previamente grato,
    Felipe Marquezini

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  2. Gabriella é a segunda esposa de Justiniano. Antes ele era casado com Brasília Urbana Aguiar Whitaker. Tenho cartas aqui que contam a história. Sou da família Whitaker. Justiniano se casou com Brasilia Urbana Aguiar Whitaker (aliás, uma moça linda, tem fotos na internet), teve com ela muitos filhos (acho que 9), e morreu muito jovem. A irmã mais velha de Brasília, que é Gabriella Aguiar Whitaker resolveu casar-se com o cunhado para cuidar das crianças, que imploraram a ela que não os abandonasse. A carta que tenho diz que seria difícil ela resistir aos apelos das crianças. Tenho foto de Gabriella aqui, mas ela já estava velhinha.

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    1. Boa tarde, te encaminhei um e-mail, nesse meio tempo reuni muitas fotos, documentos e informações que podem interessar. Agradeço se puder me enviar a foto de Gabriella, madrasta e tia de meu tetravô Justiniano Whitaker de Oliveira (1864-1915).

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