sexta-feira, 7 de agosto de 2009

História da compra da fazenda



Primeiro traslado de uma escritura de compra e venda que fazem Ricardo Rodrigues de Andrade, sua mulher Maria Antonia de Andrade e Jose Ignácio da Costa Junior e sua mulher Anna Cândida de Andrade, aos compradores Lacerda e Irmãos como abaixo se declara.

Saibam quantos esta pública escritura de compra e venda virem que sendo o Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e sessenta: aos dezessete dias do mês de Dezembro do dito ano nesta Fazenda denominada Babilônia, distrito do betlem do Descalvado, termo da cidade de São João do Rio Claro, província de São Paulo.

Naquela data, Jose de Lacerda Guimarães, o Barão de Arary, comprava uma parte das terras da Sesmaria da Babilônia, pelo preço de Dezoito contos de Reis, terras estas que resolve abrir e desbravar junto com seu filho Antonio Franco de Lacerda, fundando a Fazenda Paraizo.

Em 1865, ficando viúvo de Clara Franco de Lacerda, filha do Alferes Franco, o Barão de Arary faz com que seus filhos Antonio, João Candido, José e Joaquim herdem, como parte de legítima materna, entre outros bens, a Fazenda Paraizo, desligando-se dela. Seguem então Lacerda e Irmãos com o condomínio, tendo na direção Antonio Franco de Lacerda que continua com as plantas de café e inicia a formação da Sede.

Candido Franco de Lacerda que, em 1870 é chamado da Alemanha onde fora estudar, passa a tomar parte na direção da Fazenda com a idade de 14 anos; fiscaliza a construção da Casa de Máquina e já toma deliberações de peso, tal como a de abolir o trabalho noturno dos escravos.

Logo mais, progressistas, os irmãos Lacerda e Irmãos antecedem-se à Princesa Isabel e alforriam seus escravos que permanecem todos na Fazenda como assalariados.
Em 1889 a Sociedade estava organizada tendo desde as plantações até a colocação do café nos mercados europeus, onde obtêm a Medalha de Ouro na Exposição Universal de Paris aos 29 de setembro daquele ano.

Candido Franco de Lacerda, já casado desde 1885 com Elisa Whitaker de Oliveira, compra então as partes de seus irmãos e fica o único proprietário da Fazenda.
Novas plantas de café foram feitas, chegando quase a atingir os 600 mil pés; novas obras são encetadas, é construída a nova casa da Sede em 1897.

Candido Franco de Lacerda dirigiu esta Fazenda com mãos hábeis e firmes de bom navegante nos bons e nos maus tempos, trazendo-a através de todas as crises. E assim foi até 1928 quando seu filho Asdrubal Franco de Lacerda entra na direção da Fazenda, substituindo seu pai.

Era então o período agudo da última crise mundial. O café estava completamente desvalorizado, pondo em perigo a sobrevivência da Fazenda. Foi deliberado então o corte de alguns cafezais para surgirem em seu lugar outras culturas de rendimento imediato, o que possibilita a manutenção da Fazenda com o restante de seus cafezais de trato muito oneroso.

No final década de 30, começo de 40, Asdrubal Franco de Lacerda foi auxiliado por seus sobrinhos Caio e João Alfredo Paranaguá Moniz nas novas culturas de algodão e na administração geral da Fazenda. (Caio foi primeiro e João, alguns anos depois)

Com o falecimento de Candido Franco de Lacerda, ocorrido em 1944, a Fazenda Paraizo foi herdada por seus cinco filhos: Brazilia, casada com Amadeu de Arruda Botelho; Evangelina, casada com Alfredo de Paranaguá Moniz; Asdrubal, casado com Beatriz de Toledo Piza; Hannibal, casado com Marina Camargo e Maria José, casada com Theodoro Quartim Barbosa.
Asdrúbal Franco de Lacerda continuou na direção da Fazenda. Aos 31 de outubro de 1945, compra, com seu irmão e cunhados 21 alqueires e 81 centésimos de terra da Secção Santa Cruz, da Fazenda Santa Constança, situada na Comarca de São Carlos, contendo cafezal e demais benfeitorias, aumentando assim a área da Fazenda Paraizo para pouco mais de 400 alqueires.

Nos anos que se seguiram, Asdrubal Franco de Lacerda empenhou-se na restauração das obras e dos cafezais. As construções ressurgem e a cultura esgotada volta a produzir, reavivando o que ia morrer.
Comprou aos poucos as partes de seu irmão e seus cunhados e cuidou desse quinhão com grande carinho, mas não chegou a ver sua obra terminada. Faleceu em 1950.

A propriedade é então herdada por sua mulher Beatriz de Toledo Piza e Lacerda e seus três filhos: Maria Beatriz, casada com Sergio Figueiredo Mello; Maria Lucia, casada com José Roberto Coelho de Paula e José, casado com Carmem Sylvia Alves de Lima e Motta.

Tomou a direção da Fazenda seu filho José Franco de Lacerda, então com 21 anos de idade que rumando pelas diretrizes de seu pai, continuou a restauração das obras e iniciou o plantio de novos cafezais que iriam substituir os velhos quase centenários. Ampliou a parte da pecuária já iniciada por seu pai, introduziu a mecanização das lavouras e da secagem do café

fotografia de 1960

Um comentário:

  1. Olá, Fazenda Paraizo,

    Meu nome é Leonardo, tenho 35 anos e visitei a fazenda em 2001, quando comecei as pesquisas sobre a história da minha família, de origem italiana. Meu bisavô, Antonio Baldin, chegou no Brasil no dia 15 de junho de 1891, com 8 anos de idade, vindo de Castelbaldo, província de Padova, Itália. Ele casou-se com minha bisavó, Marietta Bedendo (proveniente de Rovigo, Italia) em 1908, e viveu como colono na Fazenda Paraizo. Meu avô, Primo Baldin, nasceu na fazenda, juntamente com seus outros 3 irmãos. Infelizmente, 4 meses após o nascimento da única filha do casal, minha bisavó morreu por algumas complicações em função do parto. Pelos relatos do último desses meus tios a falecer, eles viveram numa daquelas casinhas onde moravam os colonos da fazenda, onde antigamente passava uma linha de trem. Quando visitei a fazenda, a pessoa que me acompanhou, no caso o marido da herdeira, D. Beatriz Lacerda, nos disse mais ou menos onde ficavam essas casas mas, infelizmente, não pude visitá-las. Confesso que, mesmo que tenha sobrado só a fundação, eu gostaria de ter visto. Depois da morte da minha bisavó, meu bisavô saiu da fazenda e foi morar em Itápolis, SP, levando consigo os 4 filhos e sua mãe, Angela Falzin. Depois, disso, as únicas informações que tenho são que os pais de minha bisavó Marietta, Giuseppina Bernardi e Francesco Bedendo, viveram na fazenda até morrerem. Além disso, os outros filhos do casal se casaram, tiveram filhos e a maioria deles vive ainda em São Carlos. Consegui os telefones de alguns deles e cheguei a visitar um desses netos, que nos recebeu em sua casa e também acompanhou a mim e a minha família na visita à fazenda. Conheci parte da antiga casa sede, da casa sede mais nova e também do local onde era secado o café. Além disso, o marido de D. Beatriz me indicou 2 livros que contavam parte da história da fazenda: "Ruídos da Memória", de Marina Maluf, e "Café e Indústria: São Carlos", de Oswaldo Truzzi. Comprei e li os dois livros, realmente são ótimos! Tentei encontrar alguma referência aos meus antepassados nos livros mas, infelizmente, não encontrei. Gostaria de deixar registrado que, caso vocês possuam algum registro, alguma foto ou qualquer referência a algum de meus antepassados, eu ficaria muito feliz em ver. Se for feita uma exposição desse material, então, seria maravilhoso! Tenho muitos documentos que citam os nascimentos, casamentos e óbitos de antepassados meus, todos com referência à Fazenda Paraizo. Esta fazenda faz parte da história da minha família também!
    Caso vocês queiram informações mais detalhadas sobre essa história, posso enviá-las futuramente!
    A semana passada foi muito bacana, fui chamado pelo Consulado Italiano para apresentar-lhes meus documentos e obter a cidadania. A maratona que começou exatamente 10 anos atrás, em outubro de 2000, está em sua reta final, graças a Deus!
    Espero entrar em contato com vocês novamente!

    Um grande abraço a todos,

    Leonardo Baldin Braga

    ResponderExcluir